Saiba quais são as respostas aos principais questionamentos dos pacientes que convivem com dor crônica.
Quando alguém com dor procura atendimento médico, busca, além de pôr fim a sensação incômoda, elucidar sua causa de base. A dor também causa preocupação e sofrimento psíquico, sendo importante uma avaliação dos aspectos emocionais envolvidos.
Muitas vezes, existe uma dificuldade da equipe médica no manejo de dor de pacientes com dor crônica: alegam que a dor não melhora, ou que a dor referida é maior do que o esperada para a extensão da lesão, ou que a dor não tem “explicação” do ponto de vista médico ou ainda simplesmente que o paciente não colabora com o tratamento.
A dor é um mecanismo de defesa importante do corpo, notificando-o sobre agentes danosos. Ela pode no entanto trazer muito desconforto e preocupação, principalmente quando perdura, passando a ser chamada de dor crônica.
Trata-se de um problema ao mesmo tempo muito comum em nosso meio e incapacitante. Mas afinal,
1. O que é dor?
Estes termos dizem respeito à duração da dor.
A dor aguda tem curta duração, entre segundos até 3 meses. Normalmente tem causa bem conhecida e possui função de alerta. Por exemplo, quando encostamos mão na panela fervendo, sentimos dor e imediatamente a retiramos.
Se não sentíssemos nada, deixaríamos a mão em contato com a panela de forma que a lesão na pele seria muito mais grave. Apesar de incômoda, a dor aguda tem função importante.
A dor crônica dura mais que 3 meses e não possui causa bem definida, nem tem função de alerta. Pode causar alterações de comportamento como ansiedade, tristeza, irritação e medo.
Toda dor tem sempre componente mental e físico.
Infelizmente ainda se escuta frases como “isso é da cabeça do paciente” ou “essa dor é 100% real, orgânica”, que mostram uma dicotomização de conceitos, ou seja, tudo ou nada.
Hoje se sabe que existe uma integração das vias neurais que transmitem a informação de dor com as vias responsáveis pelas emoções e cognição. Isto é, a circuitaria está toda entrelaçada, sendo impossível separar os componentes de cada uma.
Não existe cura, mas tratamento e controle da dor crônica.
O tratamento envolve o uso de medicações (analgésicos, antidepressivos) procedimentos médicos (bloqueio de nervos, eletroestimulação, radiofreqüência), medidas de auto cuidado (atividade física, relaxamento, meditação) e atenção à saúde mental, através de terapias.
Uma vez que a experiência de dor envolve aspectos físicos, emocionais e sociais, seu tratamento deve envolver uma equipe multidisciplinar, composta tanto por médicos (anestesiologista, psiquiatra, neurologista, ortopedista, geriatra) como fisioterapeuta, psicólogo, educador físico entre outros.
É melhor pensar em uma equipe especializada do que colocar toda a demanda em um único profissional.
“É evidentemente impossível transmitir a impressão de dor pelo ensinamento, visto que ela só é conhecida daqueles que a sentiram. Além disso, nós somos ignorantes de cada tipo de dor antes que a tenhamos sentido”.
Galeno, médico e filósofo grego, séc. I DC.
Referências:
Naime FF. Manual de Tratamento da Dor, 2a ed. Manole, 2013.